É
inquestionável que a nossa nação está passando por uma dura, implacável e
avassaladora crise no âmbito político
social em um dos mais dolorosos capítulos da nossa recém-criada democracia. O que dizer quando aquele
(político) ou aqueles (grupos políticos) que estariam ali (Congresso Nacional) para
defender de forma cautelar os direitos constitucionais que claramente expressos
na nossa carta Magna. Direitos estes que são frutos oriundos de uma batalha que
se iniciou em meados de 1964. A própria história nos mostra o quanto sofremos
para conseguir essa vitória e garantir ou tentar garantir um futuro prospero
para nossos descendentes.
Por favor,
leiam com atenção apenas um trecho de uma entrevista concedida pelo então Presidente Ernesto Geisel (1981, que
foi o quarto presidente do regime militar) ao jornalista Elio Gaspari sobre os temas: golpe militar e corrupção:
“O que
houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma ideia, em
favor de uma doutrina. Nós simplesmente fizemos um movimento para impedir
(derrubar) o João Goulart. Foi um movimento articulado contra, e não por alguma
coisa. Fizemos algo contra a subversão que estava se instalando em nosso país,
contra a corrupção que se alastrava em nossa pátria. Todos nós (os militares)
sabíamos que a subversão e a corrupção não se acaba de uma hora para outra. A
corrupção pode ser reprimida, mais não totalmente erradicada. Por que
esse mal está entranhado no ser humano. Em primeiro lugar o que fizemos foi
algo destinado a corrigir algo que já existia, e não reconstruir alguma coisa
nova. Portanto não posso considerar o que fizemos (golpe militar) como uma
revolução.”
Não estou
aqui para defender os militares, porém ressalto em linhas sublinhadas as sábias
palavras de homem, e não as palavras de um estadista. A corrupção está que é
flagelo para a humanidade, um mal enraizado na cultura dos mais variados povos.
Pois até mesmo “Jesus Cristo” foi
vitima da corrupção, Judas Escariotes traiu o Messias (delação) por um bom
punhado de moedas de ouro. Assim consta em narrativa de um dos mais simbólicos
livros e recordista de venda e de leitura do mundo: Bíblia Sagrada.
O senhor Ernesto Geisel em seu comentário sobre
a corrupção, vem ratificar um provérbio ou mesmo um jargão popularmente largamente
empregado no seguimento da Gestão da Segurança Privada - “O ela fraco da corrente é o ser humano”.
Nenhum
processo produtivo é plenamente seguro, por mais automatizado que seja, devido a
participação do ser humano que possibilita acrescentar ao processo um quesito que é
inerente ao homem que é a imprevisibilidade. O papel do ser humano sem virtudes
é permiti ou dá possibilidade para o surgimento da condescendência criminosa. Em uma democracia consolidada no pleno
estado democrático de direitos os meios não justificam o fim.
“A corrupção pode, e deve ser reprimida
com todas as armas possíveis, dentro dos dispositivos legais que temos em nosso
vasto e confuso arcabouço jurídico”.
Arcabouço
jurídico este que é complementar a nossa Constituição Federal/1988, leis,
decretos, portarias, instruções técnicas e normativas, e por ai se vai, podemos
citar: Código Penal brasileiro (1948). Lei-Decreto nº 5.4452 (1943). Lei
anticorrupção. Lei Contra a Tortura. Estatuto da Criança e do Adolescente. Estatuto
do Idoso. Lei de Crimes Ambientais. Lei de Crimes Eleitorais. Estatuto do
Desarmamento. Lei de Crimes Hediondos. Lei
nº 8.112/1990 – onde consta a regulamentação de direitos e deveres dos
servidores públicos. Também temos a Lei
nº 12.846/08/2013 - Lei ordinária do Poder Executivo que trata sobre
responsabilidade objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas pela
prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira
(CAPÍTULO II, Artigo 5º). Mais conhecida como Lei Anticorrupção, e dadas às circunstâncias presentes e fica claro
que a pessoa revestida em cargo público
que a elaborou não se lembra mais do teor e nem da finalidade de tal lei.
Isso é um
fato. O Brasil está envolto em um dantesco mar denso e caudaloso de intrigas,
negociatas, conchavos e articulações para fins escusos e inescrupulosos entre
grupos econômicos (conglomerados de empresas) e as pessoais que supostamente teriam
o dever legal de defender com unhas e dentes e de forma ferrenha interesse
público. Esses dois lados da mesma moeda litigam para ficar com uma grande
fatia do bolo recheado de benesses. Para a coletividade de forma geral só
restam às migalhas.
Onde estão
os investimentos significativos, vultuosos e necessários em saúde, pois a saúde
pública está entrando em colapso, hospitais inacabados, maquinário sucateados e
funcionários públicos sem receber suas remunerações.
A saúde
pública no Brasil é um capitulo a parte e está apresentando um quadro (diagnóstico) clássico de um infarto agudo do miocárdio. E nós, povo
brasileiro iremos perecer, falecer, iremos a óbito coletivo. E sem direito
algum a exumação para se apontar a causa morte. Neste caso se presumi que seja
por um processo de letargia (negligência
dolosa) do governo federal, fato este que vai se agravar e impactar diretamente
na esfera estadual e pior fica quando se aprofunda na esfera municipal, ai é um
quadro generalizado de como profunda irreversível.
Os recursos
cooptados para os melhoramentos prometidos no ponto que tange a infraestrutura
que supostamente iria ficar como um legado da Copa do Mundo de futebol. Onde
estão todas estas benfeitorias?
As várias
obras faraônicas, o que fazer com elas? E o mesmo esquema sórdido e nefasto está
se processando em conluios obscuros e modos operandi sombrio entre os
conglomerados de empresas com um estranho e polêmico bem querer pelas
propriedades públicas e os agentes públicos (políticos), o que esperar deste
tipo de relação público privado? E com relação ao suposto legado das olimpíadas
de 2016? Grandes são as dúvidas e as nuvens negras que pairam sobre esta
aliança perpetrada neste eixo do mal (relação promíscua entre o publico e o setor privado).
Um dia os
que foram oprimidos, perseguidos, torturados e que sobreviveram aos anos de
chumbo da Ditadura Militar que
outrora procurou de todas as formas obstar, dificultar, impedir o acesso ao que
realmente acontecia nas masmorras e porões escuros dos quartéis onde se aplicava
a lei da caguetagem (no jargão clássico
da época que ocorria a caguetagem). E nos tempos modernos chamamos de delação premiada para a pessoa
física ou contrato de leniência para a pessoa jurídica. Os tempos realmente
mudaram, passaram, porém os atores continuam os mesmos. Só que lado totalmente
oposto. Os que perseguiam, hoje estão encurralados em seus quartéis de papelão.
Enquanto os perseguidos estão mostrando a face mais cruel de um submundo de
negociatas e benesses que só favorecem uma pequena minoria. Agora eu pergunto: Será que os todos os nossos heróis morreram
de overdose? Que pais é este?
Na atual
conjuntura estou a me pergunta quando olho para a despensa de minha casa quase
vazia: os heróis do nosso passado em fim
foram corrompidos no presente pelo capitalismo selvagem? Cansaram de lutar para nos defender? Será
que estas pessoas estão a trair um idealismo que foi abraçado por eles há
alguns anos atrás?
Afirmo de
forma categórica que não sei mais identificar que são os mocinhos e quem são os
bandidos. Como diz um dos meus filhos.
Estão todos juntos e misturados mesmo? Só o tempo e as investigações da
Lava-Jato e os seus desdobramentos é que irão nos apontar de fato, quem são os
heróis e quem são os bandidos desta épica história que se iniciou lá no tempo do Imperialismo,
que depois passou para a época do Coronelismo
e pelo visto ainda, mesmo que em parte, ainda reina entre os nossos pares
políticos, de forma velada, encoberto pelos votos secretos, processos de
cassação de mandato político que não anda de jeito nenhum.
“Como diz a minha falecida e sábia avó: Esse
troço nem ata e nem desata. Nem sobe e nem desce. Tá truncado de se resolver.
Só reza brava pra desatrapalhar (etâ palavreado difícil).”
Estamos
incrédulos e ao mesmo tempo simplesmente enojados, esse nós ao qual me refiro é
o povo é a nação brasileira. É notório que alguns dos requisitos morais
(honestidade, honra, ética, entre outros valores) mais requeridos por uma grande parcela desta mesma
população que ainda vota, que escolhe os seus representantes, e acima de tudo
espera destes mesmos representantes ao menos o fiel compromisso de zelar pelo pouco
que ainda resta do patrimônio público, que já está extremamente dilapidado, e
também legislar em prol dos menos favorecidos, procurar soluções aceitáveis e
assertivas para os problemas que são retoricamente discutidos em vão a décadas
no Congresso Nacional, morada da democracia, e local de trabalho dos deputados
e dos senadores da república.
Os fatos e
as situações pelos quais estamos passamos hoje nada mais é que o resultado de
uma longa sucessão de escolhas erradas, que é uma das várias vantagens e também
desvantagens que podemos apontar dentro do sistema político que foi conquistado
após longos anos de ditadura militar, que se iniciou em nos anos 60 (1964) e
veio de fato a terminar em 1988 com a reformulação da Constituição Federal em
1988, pela Assembleia Nacional Constituinte. Um fato histórico pra nossa nação.
Vou citar
as palavras as belas e inconfundíveis palavras de uma grande escritora – Clarice Lispector, que diz assim:
“O pouco
não me serve, médio não satisfaz, metades nunca foram o meu forte... Palavras
até que me conquistam temporariamente... Mas as atitudes me perdem ou me ganham
para sempre”.
É com essa
celebre citação que mesmo exaurido pela luta incansável de todos os dias para ganhar o tão sofrido pão nosso de cada dia, pela sobrevivência da minha família é que levo à público
este texto que repudia veementemente o ato solene daquele que corrompe
(corruptor ativo) e a flexibilidade e a parcimônia de quem se deixa corromper (corruptor passivo), e
clamo pela queda desta instituição fálica que é a corrupção.
Hoje a
corrupção é o símbolo máximo que representa o nosso querido e amado pais
(Brasil) perante o mundo, estampa nas capas dos principais e mais gabaritados
jornais o mau hábito de que só o esperto
aqui é que consegue sobreviver (famoso jeitinho brasileiro de resolver os
problemas). Estampa também a tristeza de um povo que se sente totalmente envergonhado,
fatos estes que vinculam a corrupção com a imagem da nossa Bandeira Nacional (símbolo
nacional) e tenta macular o que um povo tem de mais nobre que é o orgulho de ser brasileiro. De nunca
desistir, de ser um povo afável e hospitaleiro.
Pátria amada: Brasil. É com
profundo pesar que comunico que a democracia no Brasil está morrendo de forma
lenta e gradativa devido ao câncer generalizado que é a corrupção.
Atenciosamente.
André Luiz Padilha Ferreira.
MBA
Avançado em Formação de Consultores e Executivos em Gestão de Pessoas.
Tecnólogo
em Gestão de Gestão de Segurança Privada.
Técnico de
Segurança do Trabalho com Especialização em Segurança Contra Incêndio (SCI –
Bombeiro Civil).
Analista de
Riscos em Segurança Empresarial e Corporativo.