quinta-feira, 29 de maio de 2025

NR 23 E AS DIFICULDADES PARA IMPLEMENTAÇÃO DESTA NORMA NAS EMPRESAS.

 



A implementação da NR 23 pelos Técnicos de Segurança do Trabalho (TST) em ambientes de trabalho apresenta diversos desafios, incluindo falta de recursos, resistência à mudança, dificuldades em identificar e controlar riscos por parte dos trabalhadores e gestão da empresa, que culmina principalmente com a falta de apoio da liderança. 

A NR 23, que trata da prevenção contra incêndios, exige a adoção de medidas como treinamento, sinalização, saídas de emergência e controle de materiais inflamáveis. 

RESPONSABILIDADE TÉCNICA

A NR 23 está bem resumida, porém gera dúvidas frequentes com relação à definição do responsável técnico pela proteção contra incêndio na empresa, e a falta de definição clara pode dificultar a implementação. Em sua grande maioria essa responsabilidade é direcionada para o Técnico de Segurança do Trabalho. Neste caso o profissional pode incorrer no cometimento de um crime, sendo a inobservância de regra técnica, que ocorre quando um profissional, artista ou artesão, que possui conhecimento técnico, não cumpre uma regra ou norma técnica específica para sua atividade, causando um resultado danoso. E pode ocorrer o agravamento deste crime se existir a famosa omissão, o qual é a falta de agir quando existe um dever jurídico de agir para evitar um resultado danoso. Ambas as situações podem ser relevantes no contexto penal, especialmente em crimes culposos, como homicídio culposo, onde a inobservância de regra técnica pode aumentar a pena. 

 

Relevância Penal: no âmbito do Direito Penal, a inobservância de regra técnica pode ser considerada uma causa especial de aumento de pena em crimes culposos, como o homicídio culposo (art. 121, § 4º, do Código Penal). 

Consequências: a inobservância de regra técnica pode levar a uma condenação por um crime culposo, com a possibilidade de aumento de pena e outras consequências legais. 

 

 

DIFICULDADES ESPECÍFICAS

Falta de recursos: não há na grande parte das empresas um fundo específico para as demandas do SESMT, falta de orçamento e equipamentos adequados, como detectores de fumaça, extintores e sistemas de sprinklers, dificulta a implementação das medidas de segurança contra incêndios mais eficazes. 

Resistência à mudança: a resistência de alguns colaboradores a novas práticas de segurança e à necessidade de realizar treinamentos pode potencializar a problemática e dificultar o processo de implementação. Não existe Cultura de Segurança Organizacional. E com isso o processo de conscientização da população da planta é inadequado e superficial.

Dificuldade em identificar e controlar riscos: a falta de conhecimento técnico sobre as fontes de risco, alinhadas a dificuldade em implementar medidas de controle eficazes, pode levar a acidentes E princípios de incêndios. Tudo isso está atrelado a baixa e/ou inexistência da percepção de riscos.  

Falta de apoio da liderança: a ausência de visão holística dos gestores, pode gear também a falata apoio e engajamento da alta gestão na implementação da NR 23 nas empresas e/ou organizações.

Desatualização da legislação: a constante mudança e atualização da legislação ao nível estadual, e das normas regulamentadoras podem gerar dúvidas e dificuldades na interpretação no ato de aplicação da NR 23. 

Conscientização e treinamento inadequados: a falta de treinamento adequado para os colaboradores sobre os riscos de incêndio e os procedimentos de segurança corretos a serem seguido para gerenciar uma emergência pode induzir os trabalhadores, incluindo o Técnico de Segurança do Trabalho erros e até mesmos acidentes. 

Falta de engajamento dos colaboradores: sem um processo de conscientização eficiente, pode implicar na falta de engajamento e participação dos colaboradores na implementação da NR 23 pode dificultar a adesão às medidas de segurança e a criação de uma cultura de segurança. 

Dificuldade em lidar com emergências: a falta de padronização de protocolos, e de treinamentos e procedimentos que sejam claros para lidar com emergências, como princípios de incêndios, pode levar ao pânico coletivo na organização, que terá impacto direto no momento do abandono de área. 

  

Custo da implementação: as medidas de segurança contra incêndio podem exigir investimentos financeiros necessários na área de infraestrutura da empresa, compra de equipamentos e com treinamentos, o que pode representar um custo elevado para as empresas, especialmente as pequenas e médias. 

 

Fiscalização: a ausência do processo de acompanhamento de projetos (Ciclo PDCA ou BPM (Business Process Management) no ato da implementação da NR 23 pode levar ao descumprimento da norma, e com isso pode acarretar multas, demissão do Técnico de Segurança do Trabalho, e potencializar a probabilidade do risco de acidentes e de um princípio de incêndio na empresa. 

 

SOLUÇÕES E ESTRATÉGIAS:

Engajamento da alta gestão: é crucial que a alta gestão apoie e se engaje na implementação da NR 23, fornecendo recursos financeiros, recursos humanos e organizacionais para que a implementação desta norma seja realizado de forma ordenada e seguindo as legislações vigentes. 

Treinamento e conscientização: após implementar a NR 23 na empresa, é preciso realizar treinamentos regulares sobre riscos de incêndio e procedimentos de segurança, envolvendo todos os colaboradores (Plano de Segurança Contra Incêndios, Plano de Abandono de Área, Brigada de Incêndios, etc). 

Implementação de sistemas de gestão: a implementação de sistemas de gestão de segurança contra incêndios (GSCI) com toda certeza vai auxiliar na organização, manutenção e correção de falhas, e no controle das medidas de segurança coletiva. 

Monitoramento e auditoria: é importante monitorar e auditar a implementação da NR 23 para identificar e corrigir possíveis falhas (não conformidades) que estão bem claras na NBR n.º 45001:2024, que estabelece os requisitos para um SGSST, que visa criar um ambiente de trabalho seguro e saudável, prevenindo lesões e agravos à saúde relacionados ao trabalho. E também não podemos esquecer da NBR n.º 31000:2018, que define diretrizes para a gestão de riscos, abrangendo a identificação, análise, avaliação, tratamento, monitoramento e comunicação de riscos em uma organização

Comunicação e conscientização: É fundamental comunicar de forma clara e objetiva os procedimentos de segurança contra incêndios aos colaboradores. 

Participação dos colaboradores: É preciso envolver os colaboradores na implementação da NR 23, buscando sua participação na identificação de riscos e na sugestão de soluções. 

Adaptação às características da empresa: ressaltando a importância de adaptar as medidas de segurança contra incêndios às peculiaridades e/ou características da empresa e das atividades econômicas desenvolvidas no ambiente de trabalho. 

Uso de tecnologia: a utilização de tecnologias como sistemas de alarme e detecção de fumaça pode auxiliar na prevenção e no combate a incêndios. 

Parcerias com órgãos competentes: estabelecer parcerias com o Corpo de Bombeiros Militar e outros órgãos competentes para obter apoio técnico e orientação. 

A implementação da NR 23 é um desafio para o profissional da área de Segurança do Trabalho, mas também uma oportunidade de fortalecer a sua base de conhecimento acadêmico, e de ajudar a implementar uma cultura de segurança nas empresas e proteger a vida e o patrimônio. 

 

 

 

At.te

 

André Luiz Padilha Ferreira.

Técnico de Segurança do Trabalho & Meio Ambiente.

E-mail: consultorpadilha@gmail.com

Instagram: https://www.instagram.com/padilhatecsegdotrabalho/

 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quem sou eu

Belém, Pará, Brazil
Técnico de Segurança do Trabalho (Bombeiro Civil), Analista de Segurança em Riscos Empresariais e Corporativos, Graduado a nível de Tecnólogo em Gestão de Segurança Privada com Pós-Graduação em Recursos Humanos.

Colaboradores & Seguidores