quinta-feira, 26 de junho de 2025

RELATÓRIO TÉCNICO DA FUNDACENTRO ANALISA MÉTODOS SISTÊMICOS DE INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO.

 



 

Por Cristiane Oliveira Reimberg / FUNDACENTRO – Para propor a configuração de um Centro de Estudos voltado a investigar causas de acidentes do trabalho, relatório técnico da Fundacentro analisa as concepções de segurança e métodos sistêmicos de investigação e sua aplicação. O material pode auxiliar profissionais da SST (Segurança e Saúde no Trabalho) a superar criticamente a noção de ato inseguro, de erro humano e de confiabilidade restrita no processo.

 

Múltiplos fatores devem ser considerados neste tipo de análise. O relatório “Desenvolvimento de processo institucional de investigação de acidentes e catástrofes industriais“, que está disponível na biblioteca digital da Fundacentro, apresenta, assim, diferentes abordagens. Além de olhar para os fatores organizacionais e sistêmicos, recomendam-se métodos com participação mais efetiva dos trabalhadores no processo de investigação, que permitam a incorporação de questões subjetivas. A investigação de acidentes deve ser vista como forma de intervenção.

 

Os autores apontam que a concepção tradicional da segurança do trabalho se funda na caracterização limitada de potenciais agravos, riscos e perigos. Nessa concepção, acredita-se que a segurança é consequência do cumprimento estrito de procedimentos e normas. Já os novos modelos de segurança criticam a noção de erro humano e uma visão de confiabilidade dos processos na qual o comportamento humano é problemático.

 

O texto apresenta propostas como a safety 2, ancorada nas perspectivas da engenharia de resiliência. “Essa nova perspectiva visa favorecer o que funciona, assim como o papel ativo dos empregados para manter tal funcionamento”, destaca o relatório. Aponta-se proximidade com a proposta de cultura de segurança, trazida pela Ergonomia da Atividade.

 

Outras perspectivas são apresentadas. Dekker, por exemplo, questiona o excesso de procedimentos de segurança, que acabam por não garanti-la porque na prática limitam a ação dos operadores. Os trabalhadores em ação definem as regras necessárias para produzir levando em conta sua segurança. Já Besnard e Hollnagel afirmam que a investigação é processo social. Não se deve buscar causas e imputar responsabilidades, mas construir explicações aprofundadas. A análise de acidentes deve conhecer a história em profundidade.

 

O Método MAPA também é apresentado no relatório. Desenvolvido no Brasil, busca incorporar a visão sistêmica e organizacional para a investigação de acidentes de trabalho, centrado na análise do trabalho em situação. O modelo da Gravata Borboleta de análise de acidente, por sua vez, propõe que se avaliem os determinantes e as suas consequências, além dos primeiros achados. A análise sistêmica é utilizada, e recomendações preventivas são delineadas.

 

O relatório aborda a investigação independente e mostra instituições que realizam esse tipo de atividade. Traça um panorama da pesquisa brasileira sobre investigação de acidentes e segurança. Por fim, avalia que há espaço para atuação da Fundacentro nesse tema e propõe desenho de Centro de Estudos voltado para a questão.

 

O material é fruto de projeto coordenado pelo pesquisador da Fundacentro, José Marçal Jackson Filho. Alisson Santos, Eugênio Diniz, João Apolinário da Silva e Marcelo de Assis compuseram a equipe de projeto, e a gestão foi realizada por Elizabeti Muto.

Fonte Bibliográfica: https://www.havagasmocc.com.br/p/relatorio-tecnico-da-fundacentro.html#google_vignette

 

 


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Quem sou eu

Belém, Pará, Brazil
Técnico de Segurança do Trabalho (Bombeiro Civil), Analista de Segurança em Riscos Empresariais e Corporativos, Graduado a nível de Tecnólogo em Gestão de Segurança Privada com Pós-Graduação em Recursos Humanos.

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