Do
ponto de vista da Engenharia Civil uma edificação é uma interligação racional
criada pelo homem para congregar de forma harmoniosa os vários tipos de
materiais e componentes usados no processo de construção de uma edificação.
Por
tanto, do ponto de vista leigo, uma edificação é uma união física forçada, que
foi criada pelo homem para se proteger das intempéries e abrigar em seu
interior outros tipos de matérias, equipamentos e máquinas que hoje são vitais
para a subsistência do ser humano.
Assim
como o fenômeno fogo foi estudado e hoje é utilizado de forma útil para o
desenvolvimento de diversas tarefas industriais e no dia a dia da civilização
(cozimentos de alimentos) as edificações são o resultado final para uma das
mais importantes necessidades do homem, que é o conforto, que gera a sensação
de segurança (Maslow).
Não
existe nenhum tipo de material que seja infinitamente resistente ou
inquebrável.
Por
esse um Técnico de Segurança do Trabalho (TST) e Brigadista Profissional Civil
(Bombeiro Civil) o estudo do fenômeno fogo e sua ação destruidora sobre os
vários tipos de materiais combustíveis (madeira, vidros, plásticos, ligas
metálicas entre outros) que compõem a estrutura principal de uma edificação, e
as possíveis consequências diretas e indiretas que podem acarretar o colapso da
estrutura da edificação, além de gerar as perdas de bens materiais e a
inestimável perda de vidas humanas.
Estudar
o fenômeno fogo sem controle (incêndio) e suas consequências no ambiente e
sobre o meio ambiente (fauna e flora) em que vivemos é um fator de extrema
importância, principalmente:
- No ponto que tange a prevenção contra incêndio (fogo sem controle);
- E principalmente no ponto de vista prático (enfrentamento de incêndio de forma concreta).
O Risco de Incêndio faz parte da rotina de qualquer empresa ou residência, onde quer que seja a
sua localização.
Foto 01 - Isolamento da Área
Prédio da Receita Federal, na Av. Pres. Vargas (Centro Comercial/Belém-PA), no dia 26/08/2012.
Foto 2 - Andares Superiores em Chamas
Prédio da Receita Federal, na Av. Pres. Vargas (Centro Comercial/Belém-PA).
Pois
podem ocorrer desabamentos no pós-incêndio afetando as edificações nas
adjacências.
PROPAGAÇÃO DO FOGO.
Foto 03 - Formas de Propagação de um Incêndio.
Condução: Quando
ocorre a transmissão de calor de molécula para molécula ou de um corpo para
outro corpo.
Irradiação: Quando
ocorre a transmissão/propagação de calor por meio de ondas de calorificas, sem
utilização de qualquer tipo de material.
Convecção: Quando
ocorre a transmissão de calor por meio de uma massa aquecida gerada pela queima
de materiais combustíveis, que se desloca de um ambiente para o outro dentro da
edificação (gerando outros focos de incêndio).
FORMAS DE EXTINÇÃO DO FOGO:
Foto 4 - Formas de Extinção de um Incêndio.
- Resfriamento: quando o calor é retirado do corpo aquecido empregando água.
- Abafamento: quando ocorre a quebra do triângulo do fogo, por meio da supressão (retirada) do oxigênio do ambiente.
- Retirada de material carga: quando ocorre a retirada dos materiais combustíveis do ambiente.
AGENTES EXTINTORES:
- Água: agente extintor natural e o mais eficiente substância encontrada na natureza para debelar focos de incêndio da Classe A, além de ser o melhor diluente universal.
- Pó Químico Seco: agente extintor a base de bicarbonato de sódio, mais conhecido como sal, empregado para debelar foco de incêndio da Classe C, porém deve ser empregado com extrema cautela em computadores, pois pode ocorrer a perda das informações contidas no HD do equipamento.
- CO²: agente extintor a base de monóxido de carbono, empregado nos incêndios da Classe B e C.
- Monófosfato de Amônia: agente extintor originada de pesticidas e/ou agrotóxicos usados em lavouras, hoje é empregada para debelar foco de incêndios da Classe ABC e AB.
Foto 5 - Vários tipo de Extintores
TIPOS DE CONSTRUÇÕES E ESTRUTURAS:
Alvenaria
auto-portante (blocos cerâmicos, concreto ou solo-cimento;
Concreto
armado ou protendido (pilares, vigas e lajes maciças ou pré-fabricadas);
Metálicas
ou mistas (prédios e galpões);
Madeiras
(telhados e galpões);
Outros
(pau-a-pique, estuque, palhas, sol-cimento e etc.).
Foto 6 - Edificação de madeira e cimento (Praia de Mosqueiro-Pará).
Foto 7 - Edificação de tijolos e madeira.
Foto 8 - Edificação construída com armação de metal tijolos de fibro-cimento.
Todos
estes tipos de construções e estruturas podem ser seriamente comprometidos
diretamente pelo fogo sem controle (incêndio) e podem comprometer a estrutura
principal da edificação (colapsamento).
ESTRUTURAS COLAPSADAS.
São
estruturas que por algum motivo deixaram de atender as exigências para as quais
foram construídas, apresentando eventualmente riscos para seus usuários e para
as demais estruturas adjacentes e para a população em geral. Em alguns casos de
emergências (incêndio) esse risco se propaga também para as ações de
enfrentamento de incêndio (bombeiros militares e brigadistas) e para os Emergêncista
do SAMU.
Foto 9 - Edificação que apresenta Risco de Desabamento.
Neste
caso a entrada para realizar o “Resgate
de Vitimas” neste tipo de ambiente deve ser precedida de uma Analise de Risco bem fundamentada e
calculada, com emprego de equipamentos especiais para este tipo de
intercorrência (cordas para rapel, mosquetão, freio oito, capacetes, cinto tipo
paraquedista, prancha para resgate em altura), entre outros equipamentos que a
situação assim o exigir.
Foto 10 - Equipamentos para Resgate em Altura (NR 35).
Foto 11 - Cesto empregado para Resgate em Altura com locais para realizar a amarração da vitima.
O
colapsamento de uma estrutura da estrutura da edificação pode ocorrer após um
incêndio de grandes proporções, devido à dilatação que sofrem os materiais
devido à variação brusca da temperatura proveniente do meio ambiente, neste
caso peculiar, é proveniente do superaquecimento do metal provocado pelas altas
temperaturas que ocorrem provenientes da queima de matérias combustíveis em um
incêndio.
AQUECIMENTO
DO CONCRETO.
Talvez a maior causa de preocupação durante um
eventual incêndio. Mesmo que em pequenas quantidades, existe umidade dentro do
concreto, que dificilmente sairá de uma peça de concreto curada, esta umidade quando aquecida à temperatura
de 100º C, por exemplo, estará em sua temperatura que exercerá enorme
pressão para se libertar de seu enclausuramento. Esta pressão gera o efeito
de “explosive
spalling”, tradução: fragmentação explosiva ou “violent spalling” (fragmentação
violenta), que é conhecida por estouros consecutivos e de grande poder de
destruição do concreto estrutural afetado durante o incêndio de grandes
proporções.
Foto 12 - Viga central danificada pelo fogo.
Foto13 - Várias vigas de sustentação de um andar danificadas pelo fogo.
Foto 14 - Casa com a estrutura danificada por um incêndio.
Neste caso será emitido um Laudo Pericial do Corpo
de Bombeiros com a finalidade de destacar o quanto a estrutura principal foi
comprometida. Assim a edificação fica interditada até que sejam tomadas as
medidas corretivas para sanar o problema, se for possível e viável este processo.
MEDIDAS PREVENTIVAS PARA PREVENÇÃO DE
INCÊNDIOS EM EDIFICAÇÕES:
Conhecer a legislação vigente
que trata de Prevenção e Combate a Incêndio do seu estado e do governo federal;
Cumprir
o que preconiza a lei no ponto que trata do HABITE-SE do CORPO DE BOMBEIRO
MILITAR;
Elaboração
por profissional habilitado e qualificado da Analise de Riscos do local, levando em consideração a atividade
econômica e os insumos empregados no processo produtivo;
Prover
o correto dimensionamento do sistema Preventivo Móvel (Extintores Portáteis) para a edificação, e aplicar de forma correta
a tabela para recarga e manutenção dos mesmos;
Prover
se for caso o Sistema Preventivo Fixo (sistema
de hidrantes e seus componentes básicos),
e aplicar também as técnicas corretas para testes e manutenções do sistema;
Atender
as exigências conforme preconiza e exige a NR
26 (Sinalização de Segurança) e em conjunto como que exige a NR 23 (Prevenção Contra Incêndio) do
Ministério do Trabalho e Emprego, de acordo com o Grau de Risco da Atividade
Econômica estabelecida para a edificação;
Treinar e implantar a Brigada de Incêndio se for o caso;
Treinar com simulações os membros da
edificação com relação ao Plano de Abandono de Área;
Reavaliar os Riscos existentes na edificação de forma continua (monitoramento interno e externo se for o caso);
Plano de Emergência
deve ser elaborado e assinado por profissional com grande proficiência técnica
no assunto.
Estes
são alguns dos aspectos abordados em uma situação pós-incêndio, e que podem com
toda certeza trazer a tona Riscos
Adicionais (choques elétricos se a rede de energia não for desligada) para
os profissionais que enfrentam este tipo de situação.
Atenciosamente,
André Padilha.
MBA
em Recursos Humanos.
Tecnólogo
em Gestão de Segurança Privada.
Técnico
de Segurança do Trabalho & Bombeiro Civil.
Analista
de Riscos em Segurança Empresarial e Corporativa.
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