segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

COLAPSAMENTO DE ESTRUTURA NO PÓS-INCÊNDIO.





Do ponto de vista da Engenharia Civil uma edificação é uma interligação racional criada pelo homem para congregar de forma harmoniosa os vários tipos de materiais e componentes usados no processo de construção de uma edificação.

Por tanto, do ponto de vista leigo, uma edificação é uma união física forçada, que foi criada pelo homem para se proteger das intempéries e abrigar em seu interior outros tipos de matérias, equipamentos e máquinas que hoje são vitais para a subsistência do ser humano. 

Assim como o fenômeno fogo foi estudado e hoje é utilizado de forma útil para o desenvolvimento de diversas tarefas industriais e no dia a dia da civilização (cozimentos de alimentos) as edificações são o resultado final para uma das mais importantes necessidades do homem, que é o conforto, que gera a sensação de segurança (Maslow).
Não existe nenhum tipo de material que seja infinitamente resistente ou inquebrável.

Por esse um Técnico de Segurança do Trabalho (TST) e Brigadista Profissional Civil (Bombeiro Civil) o estudo do fenômeno fogo e sua ação destruidora sobre os vários tipos de materiais combustíveis (madeira, vidros, plásticos, ligas metálicas entre outros) que compõem a estrutura principal de uma edificação, e as possíveis consequências diretas e indiretas que podem acarretar o colapso da estrutura da edificação, além de gerar as perdas de bens materiais e a inestimável perda de vidas humanas.
Estudar o fenômeno fogo sem controle (incêndio) e suas consequências no ambiente e sobre o meio ambiente (fauna e flora) em que vivemos é um fator de extrema importância, principalmente:

  • No ponto que tange a prevenção contra incêndio (fogo sem controle);


  • E principalmente no ponto de vista prático (enfrentamento de incêndio de forma concreta).

O Risco de Incêndio faz parte da rotina de qualquer empresa ou residência, onde quer que seja a sua localização. 





Foto 01 - Isolamento da Área 
Prédio da Receita Federal, na Av. Pres. Vargas (Centro Comercial/Belém-PA), no dia 26/08/2012.



Foto 2 - Andares Superiores em Chamas
Prédio da Receita Federal, na Av. Pres. Vargas (Centro Comercial/Belém-PA).


Pois podem ocorrer desabamentos no pós-incêndio afetando as edificações nas adjacências.


PROPAGAÇÃO DO FOGO.


Foto 03 - Formas de Propagação de um Incêndio.

Condução: Quando ocorre a transmissão de calor de molécula para molécula ou de um corpo para outro corpo.

Irradiação: Quando ocorre a transmissão/propagação de calor por meio de ondas de calorificas, sem utilização de qualquer tipo de material.

Convecção: Quando ocorre a transmissão de calor por meio de uma massa aquecida gerada pela queima de materiais combustíveis, que se desloca de um ambiente para o outro dentro da edificação (gerando outros focos de incêndio).



FORMAS DE EXTINÇÃO DO FOGO:

Foto 4 - Formas de Extinção de um Incêndio.

  •     Resfriamento: quando o calor é retirado do corpo aquecido empregando água.


  •    Abafamento: quando ocorre a quebra do triângulo do fogo, por meio da supressão (retirada) do oxigênio do ambiente.

  
  •   Retirada de material carga: quando ocorre a retirada dos materiais combustíveis do ambiente.

    AGENTES EXTINTORES:

  •        Água: agente extintor natural e o mais eficiente substância encontrada na natureza para debelar focos de incêndio da Classe A, além de ser o melhor diluente universal.


  •    Pó Químico Seco: agente extintor a base de bicarbonato de sódio, mais conhecido como sal, empregado para debelar foco de incêndio da Classe C, porém deve ser empregado com extrema cautela em computadores, pois pode ocorrer a perda das informações contidas no HD do equipamento.



  •   CO²: agente extintor a base de monóxido de carbono, empregado nos incêndios da Classe B e C.


  •   Monófosfato de Amônia: agente extintor originada de pesticidas e/ou agrotóxicos usados em lavouras, hoje é empregada para debelar foco de incêndios da Classe ABC e AB.


Foto 5 - Vários tipo de Extintores

TIPOS DE CONSTRUÇÕES E ESTRUTURAS:


Alvenaria auto-portante (blocos cerâmicos, concreto ou solo-cimento;

Concreto armado ou protendido (pilares, vigas e lajes maciças ou pré-fabricadas);

Metálicas ou mistas (prédios e galpões);

 Madeiras (telhados e galpões);

    Outros (pau-a-pique, estuque, palhas, sol-cimento e etc.).




Foto  6 - Edificação de madeira e cimento (Praia de Mosqueiro-Pará).




 Foto 7 - Edificação de tijolos e madeira.




Foto 8 - Edificação construída com armação de metal tijolos de fibro-cimento.


Todos estes tipos de construções e estruturas podem ser seriamente comprometidos diretamente pelo fogo sem controle (incêndio) e podem comprometer a estrutura principal da edificação (colapsamento). 

ESTRUTURAS COLAPSADAS. 

 São estruturas que por algum motivo deixaram de atender as exigências para as quais foram construídas, apresentando eventualmente riscos para seus usuários e para as demais estruturas adjacentes e para a população em geral. Em alguns casos de emergências (incêndio) esse risco se propaga também para as ações de enfrentamento de incêndio (bombeiros militares e brigadistas) e para os Emergêncista do SAMU.

Foto 9 - Edificação que apresenta Risco de Desabamento.


Neste caso a entrada para realizar o “Resgate de Vitimas” neste tipo de ambiente deve ser precedida de uma Analise de Risco bem fundamentada e calculada, com emprego de equipamentos especiais para este tipo de intercorrência (cordas para rapel, mosquetão, freio oito, capacetes, cinto tipo paraquedista, prancha para resgate em altura), entre outros equipamentos que a situação assim o exigir.



Foto 10 - Equipamentos para Resgate em Altura (NR 35).


Foto 11 - Cesto empregado para Resgate em Altura com locais para realizar a amarração da vitima.


O colapsamento de uma estrutura da estrutura da edificação pode ocorrer após um incêndio de grandes proporções, devido à dilatação que sofrem os materiais devido à variação brusca da temperatura proveniente do meio ambiente, neste caso peculiar, é proveniente do superaquecimento do metal provocado pelas altas temperaturas que ocorrem provenientes da queima de matérias combustíveis em um incêndio.



    AQUECIMENTO DO CONCRETO.
   
   
   Talvez a maior causa de preocupação durante um eventual incêndio. Mesmo que em pequenas quantidades, existe umidade dentro do concreto, que dificilmente sairá de uma peça de concreto curada, esta umidade quando aquecida à temperatura de 100º C, por exemplo, estará em sua temperatura que exercerá enorme pressão para se libertar de seu enclausuramento. Esta pressão gera o efeito de “explosive spalling”, tradução: fragmentação explosiva ou “violent spalling” (fragmentação violenta), que é conhecida por estouros consecutivos e de grande poder de destruição do concreto estrutural afetado durante o incêndio de grandes proporções. 


 Foto 12 - Viga central danificada pelo fogo.



 Foto13 - Várias vigas de sustentação de um andar danificadas pelo fogo.


Foto 14 - Casa com a estrutura danificada por um incêndio.

Neste caso será emitido um Laudo Pericial do Corpo de Bombeiros com a finalidade de destacar o quanto a estrutura principal foi comprometida. Assim a edificação fica interditada até que sejam tomadas as medidas corretivas para sanar o problema, se for possível e viável este processo.



 MEDIDAS PREVENTIVAS PARA PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS EM EDIFICAÇÕES:

Conhecer a legislação vigente que trata de Prevenção e Combate a Incêndio do seu estado e do governo federal;

 Cumprir o que preconiza a lei no ponto que trata do HABITE-SE do CORPO DE BOMBEIRO MILITAR

Elaboração por profissional habilitado e qualificado da Analise de Riscos do local, levando em consideração a atividade econômica e os insumos empregados no processo produtivo;

Prover o correto dimensionamento do sistema Preventivo Móvel (Extintores Portáteis) para a edificação, e aplicar de forma correta a tabela para recarga e manutenção dos mesmos;

Prover se for caso o Sistema Preventivo Fixo (sistema de hidrantes e seus componentes básicos), e aplicar também as técnicas corretas para testes e manutenções do sistema;

Atender as exigências conforme preconiza e exige a NR 26 (Sinalização de Segurança) e em conjunto como que exige a NR 23 (Prevenção Contra Incêndio) do Ministério do Trabalho e Emprego, de acordo com o Grau de Risco da Atividade Econômica estabelecida para a edificação;

Treinar e implantar a Brigada de Incêndio se for o caso;

Treinar com simulações os membros da edificação com relação ao Plano de Abandono de Área;

Reavaliar os Riscos existentes na edificação de forma continua (monitoramento interno e externo se for o caso);

Plano de Emergência deve ser elaborado e assinado por profissional com grande proficiência técnica no assunto.

Estes são alguns dos aspectos abordados em uma situação pós-incêndio, e que podem com toda certeza trazer a tona Riscos Adicionais (choques elétricos se a rede de energia não for desligada) para os profissionais que enfrentam este tipo de situação.
 

    Atenciosamente,


André  Padilha.
MBA em Recursos Humanos.
Tecnólogo em Gestão de Segurança Privada.
Técnico de Segurança do Trabalho & Bombeiro Civil.
Analista de Riscos em Segurança Empresarial e Corporativa.














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Quem sou eu

Belém, Pará, Brazil
Técnico de Segurança do Trabalho (Bombeiro Civil), Analista de Segurança em Riscos Empresariais e Corporativos, Graduado a nível de Tecnólogo em Gestão de Segurança Privada com Pós-Graduação em Recursos Humanos.

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