1)
INTRODUÇÃO.
O Processo de Inteligência
Competitiva (IC) – definida como um processo sistemático que visa descobrir
forças que regem negócios, reduzem risco e auxiliam na tomada de decisão, além
de proteger o conhecimento gerado na organização.
Nesse contexto, cresce
também a utilização do PROCESSO DE Inteligência Competitiva fora das
organizações, não somente como ambiente de negócio, mas também como meio de
comunicação rápida e interativa que promove a conectividade entre os
funcionários de uma organização, facilitando a implantação de sistemas de
Inteligência. A fim de clarificar a questão, apresento definições e objetivos
da Inteligência Competitiva no atual mundo empresarial, buscando a integração
desses conceitos.
2)
NOVA ORDEM MUDIAL – A ERA DA INFORMAÇÃO.
A nova ordem mundial já foi estabelecida, movida pela informação e
pelo conhecimento, criou-se um ambiente competitivo e nunca antes vivido pelas
organizações.
Se antes o gestor possuía dificuldades em tomar decisões em função
da falta de informação, hoje ele passa pelo mesmo dilema, em virtude da
problemática da hiperinformação causada pela explosão documentária. O que
dificulta uma tomada de decisão a nível estratégica em tempo real.
O advento das tecnologias da informação e dos meios de comunicação
que se quadruplicaram nos últimos 10 anos, ao mesmo tempo em que facilitam o
acesso às mais diversas informações, também criaram um ambiente mais vulnerável
a ações maliciosas externas (exógenas).
Hoje o efeito borboleta (Nobrega, 1999) é muito mais real do que
quando foi citado pela primeira vez. A aceleração da taxa de absorção de
tecnologia – associada à convergência, interatividade, conectividade,
velocidade e intangibilidade (Davis, 1999). Está criando um ambiente cada vez mais
incerto e instável em todos os sentidos.
A empresa que no passado se preocupava apenas com o seu ambiente
interno (endógeno). Hoje tem que monitorar tanto o ambiente interno quanto o
ambiente externo a organização.
Todos os fatores potenciais de sucesso devem ser observados a todo
instante (avanços científicos, tecnológicos, socio-demográfico, político e até
mesmo os avanços na área da religião e os desdobramentos econômicos em escala
global).
Tentar antever as futuras modificações que irão ocorrer para se
manter atualizado é uma tarefa árdua e complexa no mundo atual. O que se fazer
para uma organização e/ou empresa se manter competitiva
no mercado globalizado?
É
nesse contexto que surge a discussão sobre Inteligência Competitiva (IC). O seu
papel é explicado pelo trinômio “globalização,
competitividade e acirramento da concorrência” (Maldonado, 1998). A busca
por crescentes fontes de informações científicas, tecnológicas, econômicas,
políticas, empresariais e analises mercadológicas que podem pautar a tomada de
decisão estratégica e reduzir o tempo de resposta frente as contingências e
exigências do ambiente empresarial externo, visando o melhor desempenho e
posicionamento no contexto em as empresas e agora os governos também atuam, vejam o caso (case)de espionagem que
envolve os Estados Unidos da América e alguns países emergentes, inclusive o
Brasil (América Latina em 09/2013).
O
advento da Internet criou “um novo
ambiente onde os processos de comunicação e a interatividade estão lado a lado,
mudando o modo das organizações trabalharem”.
A
revolução da Web no mundo dos negócios e na vida da sociedade moderna que já
foi denominada “ERA DO CONHECIMENTO ou
GLOBALIZAÇÃO”, que hoje vivenciamos deverá ter “um impacto tão grande, ou maior, do que a Revolução Industrial”.
A
“Internet” transformou a velocidade, distância, o tamanho e os ativos físicos
em fatores irrelevantes, em termos de vantagem competitiva.
Hoje
em dia, não faz mais sentido algum, montar uma estratégia com base na
velocidade de atendimento, dado que toda empresa hoje tem condições de oferecer
qualquer tipo de serviço em tempo real, de forma tão rápida quanto qualquer
outra empresa que está na concorrência por uma parte da fatia de mercado. Com
relação ao tamanho, todas as empresas ficaram reduzidas ao mesmo tamanho: ao
tamanho da janela do “browser do consumidor”
(cliente final).
O
que conta hoje, sem dúvida, é a habilidade para se adaptar de forma rápida às
mudanças em tempo real. Sem prejuízo da qualidade do serviço, fator fundamental
para o sucesso.
O
grande diferencial atualmente é o conhecimento. Na sociedade da informação,
quem tem mais conhecimento possui vantagem competitiva.
Segundo
Amor (2000), a Internet disponibilizou e viabilizou um quarto canal para o
comércio. Mas o sucesso da utilização desse quarto canal para o comércio requer
a habilidade das organizações no sentido de evitar o conflito com os canais
tradicionais, e empregar de forma correta e clara os fatores: conhecimento, interatividade e
conectividade.
Hoje,
mais do que nunca é praxe uma empresa oferecer valores agregados para os seus
produtos e serviços para se manterem competitivas no mercado. Já outras
participantes terão que agregar o mesmo valor aos seus produtos e serviços,
correndo o sério risco de migração da demanda para o concorrente (perda de
fatia de mercado) ou mesmo a falência.
3)
O
PROCESSO DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA.
Segundo
Polmar e Allen (1998) a Inteligência é um dos processos mais antigo e um dos
mais empregados no mundo. Registros podem ser encontrados desde citações no
Antigo Testamento, nas obras de Sun-Tzu, renomado general Chinês que em seu
livro “A arte da Guerra” nos ensina que:
“Se
você conhece a si e a seu inimigo você não deverá temer 100 batalhas. Se você
se conhece mas não conhece o inimigo para cada vitória você sofrerá uma
derrota. Se você não conhece nem a si e nem ao inimigo você é um tolo e perderá
todas as batalhas.”
No
entanto, os registros mais confiáveis já catalogados nos anais da história
contemporânea é a da utilização das práticas de Inteligência Competitiva sob a
óptica real de um processo minucioso de analise de dados para transformar em
informações estratégicas surgiram no pós Segunda Guerra Mundial, ligadas à
reconstrução da Europa e do Japão (Kahaner, 1996).
4)
CASES REAIS DA APLICABILIDADE DA IC.
A
infra-estrutura no Japão pós guerra era precária, e por este motivo algumas
empresas que resolveram empregar o processo da Inteligência Competitiva para
superar as dificuldades existentes naquele momento, e essas empresas privadas e
também órgãos estatais (sogo shosha) começaram a operar em volta do mundo para
coletar informações que auxiliam suas empresas na tomada de decisão (Marcial,
2001).
EXEMPLOS:
Canon,
NEC, Toshiba, Toyota e Nissan. Segundo Kahaner (1996) a Mitsubishi, por
exemplo, possui mais ou menos cerca de 11 mil empregados em mais de 200
escritórios alocados em todo o mundo. Independente da função que executam,
repassavam dados ao sistema de Inteligência Competitiva do Japão.
Esses
dados são filtrados, analisados e disseminados para as empresas pertencentes ao
ciclo informacional das empresas e dos órgãos estatais.
Na
Europa, a situação é similar, uma vez que as agências estatais também têm
atuado em parceria com o setor produtivo na área de Inteligência Competitiva.
Na
Alemanha o sistema de Inteligência Competitiva conta com os bancos alemães como
importantes repassadores de dados brutos. Os bancos operam em uma grande
extensão de negócios junto às empresas, inclusive com participação societária.
Para protegerem seus investimentos, esses bancos têm utilizado sua força e
influência “na coleta de dados e
informes brutos” em informações confidenciais sobre empresas estrangeiras,
disseminando-as para as grandes empresas alemãs (Marcial, 2001). Mesmo com a
queda do comunismo, a implementação de uma nova moeda e após o surgimento de um
novo bloco econômico as praticas de IC inda estão sendo empregadas em larga
escala.
Suas
principais bases de informações são obtidas através dos cadastros que as
empresas, principalmente as estrangeiras, mantêm atualizados para obtenção de
limites de crédito.
A
Suécia é outro exemplo de país onde a Inteligência Competitiva tem se
desenvolvido bastante. A maioria de suas grandes empresas dispõe de modernos
sistemas de IC implementados. São exemplos a Volvo, Saab, Eletrolux, Ericsson,
ABB, Gambro, Nobel Industries, Astra, Skandia Group, Nokia e SCA.
Também
os bancos suecos são bem atuantes na área de IC, com o governo dando suporte a
essas atividades através de suas embaixadas, fornecendo às empresas relatórios
sobre tendências econômicas e políticas dos diversos países (Kahaner, 1996).
Na
França o governo trabalha com as empresas, não somente repassando as
informações a nível empresarial que são obtidas por suas embaixadas em outros
países, como também através da parceria desenvolvida com algumas universidades
que propiciam às empresas o acesso às mais novas tecnologias de monitoramento
tecnológico e Inteligência Competitiva.
Essas
universidades fornecem condições para que as empresas se tornem cada vez mais
competitivas no mercado globalizado (Marcial, 2001).
Muitas
das economias emergentes como China, Índia, Coréia e Tailândia já estão
percebendo na Inteligência Competitiva é um processo vital que de certa forma
ajuda na preparação até mesmo no que chamo de a “grande e derradeira guerra econômica contra os grandes países
industrializados e monopolistas”.
Nos
Estados Unidos da América (USA), o início de sua utilização é marcado pelo
final da guerra fria ao final dos anos 80 com a criação da SCIP (Sociedade dos Profissionais de Inteligência Competitiva).
A
atividade entra em crescimento significativo durante os anos 90 com a “incorporação das ferramentas de Business
Intelligence (BI)” pelos antigos espiões que perderam seus empregos em
órgãos estatais (principalmente da CIA e da NSA).
4.1) CASOS (CASES) DE EMPRESAS
NORTE-AMERICANAS QUE UTILIZARAM E AINDA UTILIZAM O PROCESSO DE IC:
A
Motorola, IBM, Nutrasweet, AT&T, Corning, Procter&Gamble, Marion
Merrell Dow, até mesmo, na NBA, a Gestão
Esportiva no Basquete americano, dentre
outras em outros seguimentos.
4.2) UM BREVE RESUMO SOBRE HISTÓRICO DO
PROCESSO DE IC NO BRASIL.
No
Brasil, a discussão sobre IC se inicia em meados da década de 90, culminando no
ano 2000 com a criação da Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência
Competitiva – ABRAIC. Apesar do tema ser recente no País, já podemos encontrar
empresas como a Embraer, Petrobrás, Banco do Brasil, White Martins, Embratel,
TCBCTelecom, IBM Brasil, DirecTV, Ericsson Br, HP Br e Telefônica, cada uma
delas em diferentes estágios de implementação.
Segundo
Kahaner (1996), o processo de Inteligência Competitiva tem sua origem nos
métodos utilizados pelos órgãos de Inteligência estatais, que visavam
basicamente identificar e avaliar informações ligadas à defesa nacional. Essas
ferramentas foram adaptadas à realidade empresarial, onde o “inimigo” passa a
ser o concorrente.
Diversas
são as definições que podemos encontrar na literatura especializada em
Inteligência Competitiva. Verificamos que Fuld (1995) define Inteligência
Competitiva voltado apenas para o monitoramento dos concorrentes: Inteligência Competitiva é informação
analisada sobre os concorrentes que tem implicações no processo de tomada de
decisão da empresa. Já Herring (1996) possui uma visão mais ampla:
“Inteligência
é o conhecimento do ambiente competitivo da organização e de seu macroambiente,
aplicado a processos de tomada de decisão, nos níveis estratégico e tático.
Sistema de Inteligência Competitivo é o processo organizacional de coleta e
análise da informação, que por sua vez é disseminado como inteligência aos
usuários em apoio à tomada de decisão, tendo em vista a geração ou sustentação
de vantagens competitivas”.
A
partir das definições de diversos autores, dentre eles Miller (2000), Fuld
(1995) e Kahaner (1996) entendemos que:
“Inteligência Competitiva como sendo o
processo informacional proativo que conduz à melhor tomada de decisão, seja ela
estratégica e/ou empresarial que visa proteger todo o conhecimento sensível da
empresa”.
“É um processo sistemático e ético de
coleta, análise e disseminação de informações” que visa descobrir as forças
que regem os negócios, reduzir o risco e conduzirão o tomador de decisão a agir
proativamente, bem como proteger o conhecimento sensível produzido pelo sistema
de IC e pela organização. O QUE NÃO É O
CASO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA COM RELAÇÃO AO CRESCIMENTO ECNÔMICO DO
BRASIL NA AMÉRICA LATINA.
5)
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Importante
destacar que “Inteligência é antecipar
movimentos, e não relatar o já ocorrido”.
Os
cases (caso) descritos nesse
estudo mostram que o conceito de Business já vem sendo utilizado para a
implantação e implementação da Inteligência Competitiva em algumas empresas. O
objetivo é a criação de ambiente que facilite principalmente a coleta e a
disseminação das informações produzidas.
Destaque-se
a importância da conscientização dos funcionários de que o “trabalho de Inteligência Competitiva
preconiza o compartilhamento de informação no âmbito da empresa, e não para
fora”.
As
Chaves de Acesso devem ser cuidadosamente distribuídas e o ambiente deverá
permitir a possibilidade de customização do ambiente de trabalho (Segurança da
Informação).
O
enfoque efetuado nesse artigo é mostrar que a utilização de plataforma
tecnológica baseada na Inteligência Competitiva (Business) é facilitar o
processo na tomada de decisão por parte da alta direção nas empresas e/ou organizações.
Além
disso, esse artigo tem a finalidade de evidenciar que os temas: Inteligência
Competitiva e Espionagem Estatal não são processos iguais ou semelhantes, como
muitos leitores estão pensando no momento. Cabe ressaltar que “o processo de Inteligência Competitiva é o
estudo e analise de informações que estão em domínio público, portanto as
informações obtidas por meio licito”. “Já
a Espionagem Estatal e/ou Espionagem Industrial, como queiram chamar e
dependendo da área em que estiver trabalhando para se obter as informações de
forma ilícita e empregando técnicas não éticas e às vezes criminosas”.
6)
REFERÊNCIAS
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vivendo e trabalhando em um mundo interconectado. São Paulo:
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velocidade da mudança na economia integrada. Rio de Janeiro: Campus,
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complete resource for finding, analysing, and using information about your
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José Manoel V.S. Globalização e novas
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Inteligência Competitiva, UFRJ/ECO, MCT/INT e CNPq/IBICT, Brasília, 1998.
MARCIAL,
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Inteligência Competitiva para dar Suporte à Tomada de Decisão e Antecipar-se às
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MILLER, Jerry
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2ª Ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.
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PORTER,
Michael E. Estratégias competitivas:
Técnicas para análise de indústria e da concorrência. 7. Ed. Rio de
Janeiro: Campus, 1991.
Resenha do Artigo “A Inteligência
Competitiva (IC) e o Quarto Canal” - Trabalho apresentado no II Workshop
Brasileiro de Inteligência Competitiva e Gestão do Conhecimento, Florianópolis,
out. 2001.
7)
AUTOR.
FERREIRA. ANDRÉ LUIZ PADILHA.
MBA
em Recursos Humanos.
Tecnólogo
em Gestão de Segurança Privada.
Analista
de Segurança em Riscos em Segurança Empresarial e Corporativa.
Técnico
de Segurança do Trabalho (Curso em Andamento).
Função:
“Bombeiro Civil” com especialização em Segurança e Saúde em Serviços Realizados
em Altura – NR 35 & Emergêncista, Curso de Movimentação de Produtos
Perigosos (MOPP).
E-mail:
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