sábado, 7 de setembro de 2013

INTELIGENCIA COMPETITIVA EM FOCO


1)          INTRODUÇÃO.

O Processo de Inteligência Competitiva (IC) – definida como um processo sistemático que visa descobrir forças que regem negócios, reduzem risco e auxiliam na tomada de decisão, além de proteger o conhecimento gerado na organização.

Nesse contexto, cresce também a utilização do PROCESSO DE Inteligência Competitiva fora das organizações, não somente como ambiente de negócio, mas também como meio de comunicação rápida e interativa que promove a conectividade entre os funcionários de uma organização, facilitando a implantação de sistemas de Inteligência. A fim de clarificar a questão, apresento definições e objetivos da Inteligência Competitiva no atual mundo empresarial, buscando a integração desses conceitos.

2)          NOVA ORDEM MUDIAL – A ERA DA INFORMAÇÃO.
 
A nova ordem mundial já foi estabelecida, movida pela informação e pelo conhecimento, criou-se um ambiente competitivo e nunca antes vivido pelas organizações.

Se antes o gestor possuía dificuldades em tomar decisões em função da falta de informação, hoje ele passa pelo mesmo dilema, em virtude da problemática da hiperinformação causada pela explosão documentária. O que dificulta uma tomada de decisão a nível estratégica em tempo real.

O advento das tecnologias da informação e dos meios de comunicação que se quadruplicaram nos últimos 10 anos, ao mesmo tempo em que facilitam o acesso às mais diversas informações, também criaram um ambiente mais vulnerável a ações maliciosas externas (exógenas).

Hoje o efeito borboleta (Nobrega, 1999) é muito mais real do que quando foi citado pela primeira vez. A aceleração da taxa de absorção de tecnologia – associada à convergência, interatividade, conectividade, velocidade e intangibilidade (Davis, 1999). Está criando um ambiente cada vez mais incerto e instável em todos os sentidos.
A empresa que no passado se preocupava apenas com o seu ambiente interno (endógeno). Hoje tem que monitorar tanto o ambiente interno quanto o ambiente externo a organização.

Todos os fatores potenciais de sucesso devem ser observados a todo instante (avanços científicos, tecnológicos, socio-demográfico, político e até mesmo os avanços na área da religião e os desdobramentos econômicos em escala global).

Tentar antever as futuras modificações que irão ocorrer para se manter atualizado é uma tarefa árdua e complexa no mundo atual. O que se fazer para uma organização e/ou empresa se manter competitiva no mercado globalizado?

É nesse contexto que surge a discussão sobre Inteligência Competitiva (IC). O seu papel é explicado pelo trinômio “globalização, competitividade e acirramento da concorrência” (Maldonado, 1998). A busca por crescentes fontes de informações científicas, tecnológicas, econômicas, políticas, empresariais e analises mercadológicas que podem pautar a tomada de decisão estratégica e reduzir o tempo de resposta frente as contingências e exigências do ambiente empresarial externo, visando o melhor desempenho e posicionamento no contexto em as empresas e agora os governos também atuam, vejam o caso (case)de espionagem que envolve os Estados Unidos da América e alguns países emergentes, inclusive o Brasil (América Latina em 09/2013).

O advento da Internet criou “um novo ambiente onde os processos de comunicação e a interatividade estão lado a lado, mudando o modo das organizações trabalharem”.

A revolução da Web no mundo dos negócios e na vida da sociedade moderna que já foi denominada “ERA DO CONHECIMENTO ou GLOBALIZAÇÃO”, que hoje vivenciamos deverá ter “um impacto tão grande, ou maior, do que a Revolução Industrial”.

A “Internet” transformou a velocidade, distância, o tamanho e os ativos físicos em fatores irrelevantes, em termos de vantagem competitiva.

Hoje em dia, não faz mais sentido algum, montar uma estratégia com base na velocidade de atendimento, dado que toda empresa hoje tem condições de oferecer qualquer tipo de serviço em tempo real, de forma tão rápida quanto qualquer outra empresa que está na concorrência por uma parte da fatia de mercado. Com relação ao tamanho, todas as empresas ficaram reduzidas ao mesmo tamanho: ao tamanho da janela do “browser do consumidor” (cliente final).

O que conta hoje, sem dúvida, é a habilidade para se adaptar de forma rápida às mudanças em tempo real. Sem prejuízo da qualidade do serviço, fator fundamental para o sucesso.

O grande diferencial atualmente é o conhecimento. Na sociedade da informação, quem tem mais conhecimento possui vantagem competitiva.

Segundo Amor (2000), a Internet disponibilizou e viabilizou um quarto canal para o comércio. Mas o sucesso da utilização desse quarto canal para o comércio requer a habilidade das organizações no sentido de evitar o conflito com os canais tradicionais, e empregar de forma correta e clara os fatores: conhecimento, interatividade e conectividade.

Hoje, mais do que nunca é praxe uma empresa oferecer valores agregados para os seus produtos e serviços para se manterem competitivas no mercado. Já outras participantes terão que agregar o mesmo valor aos seus produtos e serviços, correndo o sério risco de migração da demanda para o concorrente (perda de fatia de mercado) ou mesmo a falência.




3)          O PROCESSO DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA.

Segundo Polmar e Allen (1998) a Inteligência é um dos processos mais antigo e um dos mais empregados no mundo. Registros podem ser encontrados desde citações no Antigo Testamento, nas obras de Sun-Tzu, renomado general Chinês que em seu livro “A arte da Guerra” nos ensina que:
Se você conhece a si e a seu inimigo você não deverá temer 100 batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo para cada vitória você sofrerá uma derrota. Se você não conhece nem a si e nem ao inimigo você é um tolo e perderá todas as batalhas.”

No entanto, os registros mais confiáveis já catalogados nos anais da história contemporânea é a da utilização das práticas de Inteligência Competitiva sob a óptica real de um processo minucioso de analise de dados para transformar em informações estratégicas surgiram no pós Segunda Guerra Mundial, ligadas à reconstrução da Europa e do Japão (Kahaner, 1996).










4)          CASES REAIS DA APLICABILIDADE DA IC.

A infra-estrutura no Japão pós guerra era precária, e por este motivo algumas empresas que resolveram empregar o processo da Inteligência Competitiva para superar as dificuldades existentes naquele momento, e essas empresas privadas e também órgãos estatais (sogo shosha) começaram a operar em volta do mundo para coletar informações que auxiliam suas empresas na tomada de decisão (Marcial, 2001).

EXEMPLOS:
Canon, NEC, Toshiba, Toyota e Nissan. Segundo Kahaner (1996) a Mitsubishi, por exemplo, possui mais ou menos cerca de 11 mil empregados em mais de 200 escritórios alocados em todo o mundo. Independente da função que executam, repassavam dados ao sistema de Inteligência Competitiva do Japão.

Esses dados são filtrados, analisados e disseminados para as empresas pertencentes ao ciclo informacional das empresas e dos órgãos estatais. 

Na Europa, a situação é similar, uma vez que as agências estatais também têm atuado em parceria com o setor produtivo na área de Inteligência Competitiva.

Na Alemanha o sistema de Inteligência Competitiva conta com os bancos alemães como importantes repassadores de dados brutos. Os bancos operam em uma grande extensão de negócios junto às empresas, inclusive com participação societária. Para protegerem seus investimentos, esses bancos têm utilizado sua força e influência “na coleta de dados e informes brutos” em informações confidenciais sobre empresas estrangeiras, disseminando-as para as grandes empresas alemãs (Marcial, 2001). Mesmo com a queda do comunismo, a implementação de uma nova moeda e após o surgimento de um novo bloco econômico as praticas de IC inda estão sendo empregadas em larga escala. 

Suas principais bases de informações são obtidas através dos cadastros que as empresas, principalmente as estrangeiras, mantêm atualizados para obtenção de limites de crédito.

A Suécia é outro exemplo de país onde a Inteligência Competitiva tem se desenvolvido bastante. A maioria de suas grandes empresas dispõe de modernos sistemas de IC implementados. São exemplos a Volvo, Saab, Eletrolux, Ericsson, ABB, Gambro, Nobel Industries, Astra, Skandia Group, Nokia e SCA.

Também os bancos suecos são bem atuantes na área de IC, com o governo dando suporte a essas atividades através de suas embaixadas, fornecendo às empresas relatórios sobre tendências econômicas e políticas dos diversos países (Kahaner, 1996).

Na França o governo trabalha com as empresas, não somente repassando as informações a nível empresarial que são obtidas por suas embaixadas em outros países, como também através da parceria desenvolvida com algumas universidades que propiciam às empresas o acesso às mais novas tecnologias de monitoramento tecnológico e Inteligência Competitiva.
Essas universidades fornecem condições para que as empresas se tornem cada vez mais competitivas no mercado globalizado (Marcial, 2001).

Muitas das economias emergentes como China, Índia, Coréia e Tailândia já estão percebendo na Inteligência Competitiva é um processo vital que de certa forma ajuda na preparação até mesmo no que chamo de a “grande e derradeira guerra econômica contra os grandes países industrializados e monopolistas”.

Nos Estados Unidos da América (USA), o início de sua utilização é marcado pelo final da guerra fria ao final dos anos 80 com a criação da SCIP (Sociedade dos Profissionais de Inteligência Competitiva).

A atividade entra em crescimento significativo durante os anos 90 com a “incorporação das ferramentas de Business Intelligence (BI)” pelos antigos espiões que perderam seus empregos em órgãos estatais (principalmente da CIA e da NSA).








4.1) CASOS (CASES) DE EMPRESAS NORTE-AMERICANAS QUE UTILIZARAM E AINDA UTILIZAM O PROCESSO DE IC:

A Motorola, IBM, Nutrasweet, AT&T, Corning, Procter&Gamble, Marion Merrell Dow, até mesmo,  na NBA, a Gestão Esportiva no Basquete americano,  dentre outras em outros seguimentos.   

4.2) UM BREVE RESUMO SOBRE HISTÓRICO DO PROCESSO DE IC NO BRASIL.

No Brasil, a discussão sobre IC se inicia em meados da década de 90, culminando no ano 2000 com a criação da Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva – ABRAIC. Apesar do tema ser recente no País, já podemos encontrar empresas como a Embraer, Petrobrás, Banco do Brasil, White Martins, Embratel, TCBCTelecom, IBM Brasil, DirecTV, Ericsson Br, HP Br e Telefônica, cada uma delas em diferentes estágios de implementação.

Segundo Kahaner (1996), o processo de Inteligência Competitiva tem sua origem nos métodos utilizados pelos órgãos de Inteligência estatais, que visavam basicamente identificar e avaliar informações ligadas à defesa nacional. Essas ferramentas foram adaptadas à realidade empresarial, onde o “inimigo” passa a ser o concorrente.

Diversas são as definições que podemos encontrar na literatura especializada em Inteligência Competitiva. Verificamos que Fuld (1995) define Inteligência Competitiva voltado apenas para o monitoramento dos concorrentes: Inteligência Competitiva é informação analisada sobre os concorrentes que tem implicações no processo de tomada de decisão da empresa. Já Herring (1996) possui uma visão mais ampla:
Inteligência é o conhecimento do ambiente competitivo da organização e de seu macroambiente, aplicado a processos de tomada de decisão, nos níveis estratégico e tático. Sistema de Inteligência Competitivo é o processo organizacional de coleta e análise da informação, que por sua vez é disseminado como inteligência aos usuários em apoio à tomada de decisão, tendo em vista a geração ou sustentação de vantagens competitivas.

A partir das definições de diversos autores, dentre eles Miller (2000), Fuld (1995) e Kahaner (1996) entendemos que:

Inteligência Competitiva como sendo o processo informacional proativo que conduz à melhor tomada de decisão, seja ela estratégica e/ou empresarial que visa proteger todo o conhecimento sensível da empresa”.

É um processo sistemático e ético de coleta, análise e disseminação de informações” que visa descobrir as forças que regem os negócios, reduzir o risco e conduzirão o tomador de decisão a agir proativamente, bem como proteger o conhecimento sensível produzido pelo sistema de IC e pela organização. O QUE NÃO É O CASO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA COM RELAÇÃO AO CRESCIMENTO ECNÔMICO DO BRASIL NA AMÉRICA LATINA.


5)          CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Importante destacar que “Inteligência é antecipar movimentos, e não relatar o já ocorrido”.
Os cases (caso) descritos nesse estudo mostram que o conceito de Business já vem sendo utilizado para a implantação e implementação da Inteligência Competitiva em algumas empresas. O objetivo é a criação de ambiente que facilite principalmente a coleta e a disseminação das informações produzidas.

Destaque-se a importância da conscientização dos funcionários de que o “trabalho de Inteligência Competitiva preconiza o compartilhamento de informação no âmbito da empresa, e não para fora”.

As Chaves de Acesso devem ser cuidadosamente distribuídas e o ambiente deverá permitir a possibilidade de customização do ambiente de trabalho (Segurança da Informação).

O enfoque efetuado nesse artigo é mostrar que a utilização de plataforma tecnológica baseada na Inteligência Competitiva (Business) é facilitar o processo na tomada de decisão por parte da alta direção nas empresas e/ou organizações.

Além disso, esse artigo tem a finalidade de evidenciar que os temas: Inteligência Competitiva e Espionagem Estatal não são processos iguais ou semelhantes, como muitos leitores estão pensando no momento. Cabe ressaltar que “o processo de Inteligência Competitiva é o estudo e analise de informações que estão em domínio público, portanto as informações obtidas por meio licito”. “Já a Espionagem Estatal e/ou Espionagem Industrial, como queiram chamar e dependendo da área em que estiver trabalhando para se obter as informações de forma ilícita e empregando técnicas não éticas e às vezes criminosas”.






















6)          REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EMPREGADAS.

Acesso: WWW.abraic.org.br, as 00hs:32min, do dia 05 de Setembro de 2013.
AMOR, Daniel. A Revolução do Business: vivendo e trabalhando em um mundo interconectado. São Paulo: Makron Books, 2000.
BEHNKE, Lynn; SLAYTON, Paul. Shaping a Corporate Competitive Intelligence Funcion at IBM. Competitive Intelligence Review, vol. 9(2), p. 4-9, 1998.
DAVIS, Stan; MEYER, Chistopher. Blur: a velocidade da mudança na economia integrada. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
FREITAS, Henrique; JANISSEK, Raquel. Análise Léxica e Análise de Conteúdo: Técnicas complementares, seqüenciais e recorrentes para exploração de dados qualitativos. Porto Alegre: Sphinx : Editora Sagra Luzzatto, 2000.
FULD, L. M. The new competitor intelligence: the complete resource for finding, analysing, and using information about your competitors. New York: Wiley, 1995.
GIESKES, Hans. Competitive Intelligence at Lexis-Nexis. Competitive Intelligence Review, vol. 11(2), p. 4-11, 2000.
HERRING, Jan P. Measuring the effectiveness of Competitive Intelligence. Alexandria: SCIP, 1996.
IBM. IBM Annual Report 2000. New York: IBM, 2000.
KAHANER, Larry. Competitive Intelligence: how to gather, analyse, and use information to move your business to the top. New York: Simon & Schuter, 1996.
MALDONADO, José Manoel V.S. Globalização e novas estratégias competitivas. Apostila do Curso de Especialização em Inteligência Competitiva, UFRJ/ECO, MCT/INT e CNPq/IBICT, Brasília, 1998.
MARCIAL, Elaine Coutinho. Inteligência Competitiva: uma visão global. In: Seminário Estruturando Processos de Inteligência Competitiva para dar Suporte à Tomada de Decisão e Antecipar-se às Ações da Concorrência. São Paulo: IBC, 2001.
MILLER, Jerry P. Millennium Intelligence: understanding and conducting competitive Intelligence in the digital age. New Jersey: CyberAge Books, 2000.
NOBREGA, Clemente. Em busca da empresa quântica. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.
POLMAR, Norman; ALLEN, Thomas B. Spy book: the encyclopedia of espionage. New York: Random House, 1998.
PATEL, Keyur; McCARTHY, Mary Pat. Transformação digital: visões estratégicas para a lidereança em e-Business. São Paulo: MakronBooks, 2001.
PORTER, Michael E. Estratégias competitivas: Técnicas para análise de indústria e da concorrência. 7. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 1991.

Resenha do Artigo “A Inteligência Competitiva (IC) e o Quarto Canal” - Trabalho apresentado no II Workshop Brasileiro de Inteligência Competitiva e Gestão do Conhecimento, Florianópolis, out. 2001.






7)          AUTOR.

FERREIRA. ANDRÉ LUIZ PADILHA.
MBA em Recursos Humanos.
Tecnólogo em Gestão de Segurança Privada.
Analista de Segurança em Riscos em Segurança Empresarial e Corporativa.
Técnico de Segurança do Trabalho (Curso em Andamento).

Função: “Bombeiro Civil” com especialização em Segurança e Saúde em Serviços Realizados em Altura – NR 35 & Emergêncista, Curso de Movimentação de Produtos Perigosos (MOPP).

Postagem de Artigos no site: WWW.administradores.com 

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Quem sou eu

Belém, Pará, Brazil
Técnico de Segurança do Trabalho (Bombeiro Civil), Analista de Segurança em Riscos Empresariais e Corporativos, Graduado a nível de Tecnólogo em Gestão de Segurança Privada com Pós-Graduação em Recursos Humanos.

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